domingo, 27 de outubro de 2019

Eu já tenho uma filha, mas só pari quando tive o segundo filho...

Se você não entendeu o título desse post, recomendo que leia esse aqui (é só clicar) pelo menos o começo, ou os dois primeiros parágrafos pra ser mais exata.

Agora sim, posso relatar o nascimento do meu segundo filho:

(com bônus sobre coisas que ninguém nos conta sobre parir... De verdade! E olha que já li dezenas de "relatos de parto" ...)

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No dia 31/05 fizemos a última ultrassom.
Eu desconfiava, mas a médica confirmou: você está tendo contrações.
E ainda completou: as malas da maternidade estão prontas?
Era questão de dias para Riquinho vir ao mundo... Ah, e não foi só o fato de ter contrações durante a ultrassom que fez a médica me alertar quanto a proximidade do nascimento, mas também pela cabeça dele já estar bastante encaixada; tanto foi que ela mal conseguiu medir o seu perímetro cefálico.
Pois bem, na segunda, dia 03/06, comecei a perder o tampão mucoso; saiu uma parte significativa (pelo menos essa foi a minha impressão e tirei até foto!) só que ainda iria sair mais: durante o banho, naquele mesmo dia de tarde, e na terça e na quarta (dessa vez com uns pontinhos de sangue).
Na madrugada da quarta, dia 05/06, tive mais contrações, dessa vez acompanhada de dores, parecidas com cólicas menstruais. Ao longo do dia essas contrações se intensificaram, ao mesmo tempo que, por alguns períodos, era como se tivessem desaparecido. Consegui até acompanhar André (meu marido) para arrumarmos um flat que alugamos por temporada.
Lalá, nossa primeira filha, ficou em casa com painho.

De tarde, as contrações começaram a ficar ritmadas, acompanhei pelo aplicativo, e as cólicas mais intensas. Um parêntese: eu que julgava um mero capricho da modernidade baixar um aplicativo no celular para acompanhar o ritmo das contrações no trabalho de parto (TP), acabei mordendo a língua! Baixei, usei e aprovei! Porque imagina você ter que cronometrar não só o tempo das contrações, mas também o tempo dos intervalos entre elas e correlacionar tudo isso?! Por outro lado, é estranho, desconfortável até, você sentindo dores, não poder largar o celular pra não perder o tempo certo de marcar uma e outra coisa.
Fechado o parêntese... Decidimos ir para o Hospital da Mulher do Recife (HMR) por volta das 18hs. Eu, painho e André ficamos com receio de pegar engarrafamento, e ainda que o aplicativo tivesse marcando uma média de 7 minutos entre uma contração e outra, e o indicado fosse ir para maternidade quando essa média desse 5 minutos, seguimos assim mesmo.
Chegando lá, cerca de 20 minutos depois (esperamos mais ou menos esse mesmo tempo para que eu fosse atendida) passei pela triagem até ser atendida por uma médica que, por sua vez, fez o exame de toque e viu que eu estava com (tcharam) 1cm de dilatação!
Isso mesmo! 1 cm! Dores já relativamente fortes e eu só estava com 1 cm! A médica nos disse então que tínhamos 2 opções: Esperar na recepção, andando, se movimentando para acelerar o processo de TP e ser reavaliada 4 hs depois; ou voltar para casa já que morávamos “perto” para retornar ao HMR mais tarde. Pedi a médica que falasse sua opinião, como esperava, ela disse que recomendaria a 2ª opção.
Não queria mesmo ficar horas incontáveis numa recepção fria e desconfortável, esperando sabe-se lá quanto tempo o TP evoluir, então voltamos pra casa. Lá, as contrações/cólicas se intensificaram rapidamente; eu me contorcia de dor em cima da cama, não conseguia andar ou me exercitar, mas era impossível que, no estágio em que estava, o TP não tivesse evoluído. Era mais de 22hs quando resolvemos voltar para o HMR. Dessa vez, Ítala (minha prima), que já estava lá em casa, foi com a gente. Lalá, agitadíssima, ficou com mainha, outra agitada.
Já no HMR eu só fazia gemer de dor até passar pela triagem e finalmente chegar no médico de plantão. Esse, por sua vez, diferente da médica que me atendeu mais cedo, fez um exame de toque com tamanha brutalidade que tenho quase certeza que a bolsa estourou ali mesmo, porque quando desci da maca expeli muito líquido e sangue.
Bem, subimos para o pré-parto, eu e Ítala, André chegou depois, quando finalmente pode nos acompanhar. Troquei a roupa que estava pela bata que me deram e segui para uma espécie de quarto; a todo instante as enfermeiras quando vinham me ver e fazer a ausculta do BB orientavam que eu caminhasse, que fizesse exercício, e eu só pedia que me dessem uma analgesia e dizia que a dor me impossibilitava de fazer esses exercícios.
Um detalhe: quando troquei de roupa pela bata, fui para o chuveiro com água quente, mas não senti tanto alívio quanto esperava, além de não me sentir muito à vontade pois era um banheiro para uma sala grande, com muitas outras mulheres que certamente precisariam usar em algum momento. Nesse quarto que fiquei depois não tinha água quente.
Não demorou muito e me levaram para um alojamento com outra mulher (que estava grávida, mas não em TP); fiquei envergonhada porque a medida que a hora passava e as dores aumentavam, eu só fazia gritar pedindo socorro, dizendo não aguentar mais, e essa mulher silenciosa, em repouso, do meu lado. Mas eu não aguentava mesmo! Quase não havia intervalo entre as contrações, e vinha uma pressão tremenda no ânus! Pensei “Vou fazer cocô aqui!” E também me sentia meio abandonada, porque por mais que eu pedisse ajuda, demoravam muito para virem me ver, e sempre eram evasivas quanto a aplicação da analgesia, diziam “ah, vamos pedir autorização”.
A coisa começou a engrenar quando a médica (a que me atendeu quando cheguei pela 1ª vez no Hospital) veio, enfim, me ver.
Antes disso, a mesma médica me viu quando ainda estava no corredor, a caminho daquele quarto sem água quente, e disse: Olha! Você já está aqui! Foi rápido! (ela se referia a evolução da dilatação).
Então quando essa médica, Dra. Isa (Isa + alguma coisa menos comum, por isso passei a chamá-la assim) veio me ver, percebeu que Riquinho já estava aparecendo! Ou seja, pra quê analgesia naquela altura do campeonato?
Imediatamente ela chamou o resto da equipe e pediu o material hospitalar necessário; perguntou se eu queria mudar de posição (estava deitada na cama) e me ofereceu a banqueta, colocando-a em cima da cama mesmo! Tiramos a bata (já estava muito suja de sangue e devia estar uma bagunça de tanto que eu me contorcia).
Dra. Isa me orientou a fazer força quando a contração viesse; na verdade era para fazer força quando viesse a vontade de fazer cocô, sem medo! Entorpecida pela dor e determinada a fazer de tudo para terminar aquilo, fiz toda força que pude quando veio novamente a contração, dei um gritão daqueles longos e roucos e senti o ardor lá embaixo, algo estava se rasgando... era a cabeça de Riquinho!
Pronto! Passada essa contração, Dra Isa disse “Olha a cabeça dele!”. Olhei de relance, com medo de perder a determinação de fazer o máximo de força. A Dra. continuou: “Na próxima contração, você faz essa força de novo e ele sai todo.” E foi assim que fiz. Se era pra acabar logo aquele ardor, o chamado “círculo de fogo” eu faria novamente aquela força, afinal o bebê estava “entalado” ali. A  contração veio novamente, fiz força, gritei...
Então, Riquinho nasceu. E veio pra mim, silencioso, com olhos atentos. Diferente de Lalá, quase não tinha o vernix. Com ele ainda nos braços, a placenta logo desceu (não senti nada, a não ser ela escorregando, já caindo na cama).
André cortou o cordão umbilical e levaram Riquinho para os procedimentos de praxe: nasceu com 46 cm e 3 256 kg. Enquanto isso fiquei na cama sendo ponteada (até o ânus!) pois tive laceração grau 2.
Assim Riquinho veio ao mundo, e aqui registrei tudo que pude para que um dia ele possa ler e ter uma mínima noção do que passamos juntos no seu nascimento.
Foi uma experiência impressionante, ímpar! E agradeço muito a Deus por isso! Por sentir literalmente na pele o quão milagroso é gerar (mais 1 vez) e parir naturalmente.

Agradecimento mais que especial à Ítala! Um anjo!
Tirou minha roupa ensanguentada (até minha calcinha!); me fez carinho, me apoiou, não saiu de perto de mim um instante até Riquinho nascer!
Sendo estudante de enfermagem, também me passou muita segurança.
Quem sabe não teremos uma futura enfermeira obstétrica, doula e tudo mais?!!!!!

 Coisas que ninguém me disse sobre parir:
1.   Tenha absorvente antes, no pré-parto também (quando vc ainda está em casa, por exemplo) porque também sangramos antes.
2.  Peça, antes de ficar enlouquecida com as dores, que seu acompanhante tire fotos, principalmente da hora H, e se vc não tem fotógrafo contratado, claro. Fico triste quando lembro que não tem fotos desses momentos relatados.
3.  Vc pode ter hemorragia pós parto, como foi o meu caso. No entanto, não precisei passar por intervenção cirúrgica. Embora tenha perdido muito sangue (bastante coágulo inclusive), fui examinada com sucessivos exames de toque e fiquei em observação uma tarde inteira. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Release "Maria Bonita - Verão 2019 Brisa Estalião"

Abrindo "a série" de releases que já escrevi... 
(Entre aspas porque, admito, não foram tantos... Mas foram suficientes para saber que dou conta do recado, sem falsa modéstia.)

Esse foi bem especial, porque além de ter sido para uma grande amiga e sua marca de acessórios, qual mulher, nordestina, que tenha um mínimo de conhecimento sobre a história do cangaço e sua representante feminina mais famosa, não admira sua figura? 
Conhecida como... 

"Maria Bonita"
VERÃO 2019 BRISA ESTALIÃO

                                                                                        
“Quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania de ter fé na vida.”

Maria Gomes de Oliveira, Maria Déia ou (para que saibam logo de quem estamos falando): Maria Bonita. A primeira mulher a se juntar oficialmente ao bando de cangaceiros comandado pelo icônico Lampião.
Mulher corajosa, não pensou duas vezes antes de deixar para traz marido e familiares para viver sua paixão. Respeitada pelos demais cangaceiros, abriu precedentes para que outras mulheres entrassem para o cangaço, o que “seria uma verdadeira revolução feminista”, segundo a pesquisadora Semira Vainsencher.
Vanguarda em sua época e contexto (nasceu no sertão da Bahia, em 1911; filha de fazendeiros e casada, aos 15 anos, com um sapateiro) Maria Bonita se tornou referência histórica e de gênero feminino, no que diz respeito a coragem, ousadia, autenticidade e feminilidade. Porque mesmo em situações e ambientes adversos, sempre é retratada como uma mulher forte, resiliente e vaidosa.
Assim, a marca de acessórios femininos Brisa Estalião, que se identifica totalmente com essas características, traz como tema da sua nova coleção, para a temporada do verão, a figura inspiradora de Maria Bonita, acreditando que todas as mulheres tem um pouco dessa bravura, dessa resiliência e desse gosto por enfeitar-se, ainda que seja para um combate (o combate nosso de cada dia contra todo tipo de preconceito e desigualdade).
Materiais como o couro pintado manualmente, cordões rendados, cordas das mais variadas texturas e espessuras, estarão presentes nesses novos acessórios, traduzindo todo o conceito dessa temática.
Além disso, a marca Brisa Estalião está passando por um processo de reinvenção; está buscando se posicionar diante de questões urgentes como a sustentabilidade, tentando não somente trabalhar nos pilares desse conceito, como reproduzir o mesmo nas suas peças. Peças feitas à mão, num processo artesanal, local e colaborativo, fomentando o crescimento socioeconômico da região agreste de Pernambuco, sem ignorar as tendências globais.
Então, sejam bem vindas a essa nova versão da Brisa Estalião Acessórios, com sua Maria Bonita #GirlPower e com a esperança de dias ensolarados e felizes, onde um acessório verdadeiramente faz toda a diferença!

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Bateu curiosidade para ver as peças e cliques da coleção? 

sábado, 14 de setembro de 2019

Um pensamento sendo mãe... Outro pensamento sendo filha...



Ser mãe de 2 (ou mais) é uma prova de coragem, ou de loucura, como dizem por aí. 

Prefiro, ao meu favor inclusive, acreditar na primeira opção.

É um ato corajoso colocar nesse mundo - de mau a pior - mais de uma vida. Talvez, também resida nesse ato um pouco de egoísmo: de nós, mães, querermos "mais um filho"; de querer dar "um irmão" ao "primogênito", como se a outra vida fosse existir somente em função disso.

Mas eis a questão: é OUTRA VIDA, e embora dependa muito de nós nos primeiros anos da sua trajetória, depois traça seu próprio caminho, com suas preferências, podendo preferir até mesmo não ser assim tão "amigo" do seu "irmão mais velho".

Então, além de termos outro bebê, pensando na irmandade que deva surgir entre nossos rebentos, temos um árduo trabalho pela frente: nutrir essa relação de irmãos desde cedo, continuamente, para que quando cresçam nosso primeiro propósito seja cumprido. 
É ou não é desafio que requer esforços?
Ou coragem por assim dizer...

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Outro dia recebi a visita da minha mãe. 
Ela veio do médico, e por sua vez, fez uma "visita de médico" aqui em casa.

Conversamos rapidamente; ela fez festa com os netos (principalmente a neta, que estava acordada e é A neta, se é que vocês me entendem); deu tempo ainda de tomar um cafézinho, e assim, seguir viagem para o seu interior.

Ao me despedir dela, na calçada de casa, como de costume lhe agradeci com um "obrigada por tudo", que às vezes, confesso, sai quase que mecanicamente, não por falta de gratidão, mas sim porque realmente ela sempre merece agradecimento.
Toda vez ela dá um força aqui em casa: lava banheiros, roupas, pratos; traz alguma planta, objeto de decoração, mimo pros netos e pra mim; traz comidas: bolos, alguma coisa orgânica, frutas, etc.

Só que dessa vez, a visita foi tão rápida, tão passageira que, ao nos despedirmos, enquanto eu subia a escada de volta pra casa (leia-se apartamento) me questionei por que tinha lhe agradecido se "dessa vez" ela não tinha feito ou trazido nada... 
Ledo engano! Ou melhor, grave esquecimento! Ela trouxe sim. Trouxe nada menos do que a sapateira que eu tanto queria e tínhamos conversado sobre nos últimos meses, para colocar na porta de entrada e todos que chegaram aqui em casa deixarem seus calçados (criança pequena em casa requer esse cuidado... ) Detalhe: foi feita sob encomenda aqui pra casa, com acabamento primoroso!

Tomei esse acontecimento pra mim como uma espécie de parábola, cuja lição é: independente de qualquer benefício tangível que sua mãe possa lhe trazer, agradeça. 
Só de vê-la, agradeça. Simplesmente por ela existir, agradeça. Afinal, nós só existimos porque ela existe; só temos vida porque nascemos da vida dela. 
Lembre-se: agradeça. Mas agradeça especialmente à ela.

(Ah, claro que eu aprendi a lição... Agradecerei sempre, sem questionar o que porventura tenha ganho. Repito: ganhei a vida!)


A entrada de casa... A sapateira.



sábado, 31 de agosto de 2019

"Eu lembro da moça bonita na praia de Boa Viagem... "

Hoje relembro meu relato sobre o nascimento de Labelle, minha primogênita.
Na época, escrevi para publicar num grupo de gestantes que participava no Facebook: o Boa Hora.
Hoje não tenho mais conta nessa rede, no entanto tenho o texto salvo no email. Afinal, a quem mais interessa essa narrativa senão a mim, aos meus e, claro, a minha filha. Ter uma cópia no email foi a forma que encontrei de salvar para a posteridade, para que  Labelle leia e saiba como ela veio ao mundo.

Então, salvo as devidas modificações (para o contexto desse blog), cá está meu registro:

Durante minha gestação a única vez que fui a um encontro do grupo (Boa Hora) aprendi que só existe um parto quando há a expulsão do bebê pelo canal vaginal; uma cesárea é outra coisa, é um procedimento cirúrgico. E nem toda cesárea é uma "desnecesárea". Cada caso é um caso, mas todos tem algo em comum: o nascimento.
E não é porque passei por uma cesárea que o nascimento da minha bebê seja menos importante e emocionante, ou que eu tenha me empoderado menos. Inclusive relatar a minha experiência é uma questão de empoderamento. E aqui segue meu relato...

"De duas vidas, uma se fez, e eu me senti nascendo outra vez... "

De todas as grandes emoções, de todas as situações excepcionais que já vivi (a perda da virgindade; a 1ª viagem de avião; conhecer outros Estados e até outros países; me formar em Design; concluir o mestrado em História; engravidar) nada, absolutamente nada, até aqui, foi tão intenso e incrível quanto o nascimento da minha filha.

Tive medo, muito medo! Diferente de muitas mães que conheço, era como se eu não quisesse passar a fase da barriga, ou não tivesse curiosidade de conhecer aquele serzinho que estava dentro de mim. Nunca soube lidar muito bem com mudanças mais drásticas, mas principalmente, tenho pavor a tudo que possa me causar dor...
Diante das circunstâncias (a bebê estava pélvica - sentada - e já tinha 33 semanas) não tive outra opção senão agendar uma cesárea. Até poderia insistir no parto normal, que era o que queríamos desde o início, mas teríamos que contratar - por no mínimo 7 mil reais - uma equipe médica especializada nesse tipo de parto.
Assim, acompanhamos o avanço da gestação, ainda com esperanças que ela mudasse de posição, mas, preguiçosa como os pais, ela seguiu sentada. (Digo isso, porque como uma boa gestante preguiçosa que fui, não fiz nenhum exercício físico regular, ou mesmo os exercícios indicados pela doula para que a bebê pudesse virar).
Então, com 39 semanas e 5 dias, em 18 de maio de 2016, numa quarta, às 7h30min, lá fomos nós para a sala de cirurgia. O maqueiro, diante do meu choro desesperado, tentou me tranquilizar lembrando que muitas mulheres passavam por aquilo e depois tudo terminava bem. Na sala, que estava na penumbra, fui recebida ao som de passarinhos cantando, som de natureza mesmo, e a pergunta se aquele ambiente lembrava o clima que fazia em Carpina. Sim! A minha querida obstetra teve o carinho de levar e me receber com um som que me remetesse à tranquilidade da minha casa (na época, uma pequena chácara. E essa foi outra razão pela qual eu não poderia esperar entrar em trabalho de parto, pois morava longe da região metropolitana e de alguma opção de hospital para me atender, e isso não é recomendado, principalmente estando com um bebê pélvico).
Não parou por aí. Continuei muito nervosa, numa tremedeira sem fim, mas fui abraçada - para receber a anestesia - fui tocada, acariciada (a anestesista, Drª. Kalina, parecia um anjo, doce, serena, quase não saiu de perto da minha cabeça, ficava alisando minha testa e sobrancelhas). Minha doula, Diva, não teve tanto trabalho quanto se fosse um parto normal, no entanto foi de uma presença constante, tirou fotos, segurou a minha mão, e principalmente, foi ela quem me levou a essa equipe médica espetacular!
Não sei que raios de tremedeira eu tinha, um nervosismo fora do comum, e não sei se isso interferiu, mas a anestesia raqui não fez efeito e tiveram que aplicar novamente. Foi engraçado que quando já estava deitada e me perguntaram se eu sentia minhas pernas, com medo, gritei "não cortem, ainda sinto minhas pernas" e todos riram. Isso me marcou: a equipe era muito entrosada e bem humorada. Já a parte da mesa cirúrgica está "desnivelada" e, durante o procedimento tentarem resolver isso, não lembrava, até meu marido comentar.
Um parêntese: a cirurgia aconteceu na Maternidade Santa Lúcia; preferi que fosse lá pelas boas recomendações acerca dos funcionários, do tratamento mais humanizado, diferente de outros hospitais. Porém, o que falavam sobre a infraestrutura deixar a desejar , realmente é verdade, e meu marido sempre endossa isso, especialmente em função desse incidente. Mas nada que interfira na excelente lembrança que guardo desse dia.
Cirurgia seguiu tranquila e rapidamente, como deve ser, até que ao som de "Labelle de Jour", de Alceu Valença,n Labelle, por volta das 7h50min, com 3.632 kg e 45 cm. (Sim! Minha querida Dra. Viviane levou em sua seleção musical, a música que me inspirou na escolha do nome da minha filha),
Foi impressionante! Emocionante! André, meu marido, a pegou (ela agarrou com força alguns de seus dedos), ela veio direto pra mim, tive vontade de vomitar com o cheiro do vernix e também pelo efeito colateral da anestesia (e acabei vomitando mesmo... fiquei tão grogue quando o processo cirúrgico terminava que pensei que fosse morrer) mas consegui olhá-la, tocá-la... sorri, sorrimos eu e o pai enquanto ela nos observava. Seu cordão umbilical não foi cortado de imediato, não teve aplicação de colírio, não tomou banho antes das 24h de nascida, não tomou mamadeira mesmo que meu leite não tivesse descido logo, e sua placenta foi gentilmente guardada conforme o pedido da avó, minha mãe.


Agradeço a minha mãe Maria Morais, meu marido André, minha doula Diva Divina, meus amigos Débora e Didi, que se fizeram presentes antes, durante e depois... Dra. Viviane Pontes Medeiros, Dra. Kalina, Dr. Tiago Thiago Cesar Parente Saraiva, Dra. Cristiane, Dr. Raniere Quirino (me acompanhou no pré-natal, mas teve que se afastar pelo falecimento de seu pai), as enfermeiras e tantos outros funcionários da Santa Lúcia.
Agradeço ao meu bom Deus, misericordioso, que me concedeu a dádiva de ser mãe e percorrer todo esse caminho: concepção, gestação, nascimento, criação.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Pra começar...

Sinto uma necessidade muito grande de escrever.

De ler e de escrever. Mas ultimamente só tenho lido principalmente "textão" de redes sociais (e olha que nem tenho mais conta nas mais famosas - leia-se Facebook e Instagram). Quanto a escrever, aí mesmo é que estou em dívida comigo mesma!

Sempre norteada (ou travada) pelo dilema: Escrever pra quê? Pra quem? Por quê? Fico adiando uma vontade absurda de colocar em linhas tantas coisas que me passam pela cabeça, pelo coração (que piegas), ou mesmo resgatar textos antigos nos quais trabalhei com esmero e que, também por isso, merecem ser reescrevidos e novamente assinados por mim, afinal, essa é uma marca que sempre tive orgulho de ostentar: uma escrita razoável (falando sincera e modestamente).

A grande questão não é escrever, mas sim "publicar".
Por que tornar público o que escrevo, que muitas vezes pode ser bastante particular, logo na internet? Terra sem lei aparentemente... Por que optar por escrever num (falecido) blog? Enquanto plataforma de divulgação e de grande alcance, o blog já teve seus dias de ouro.
Certamente busco alguma espécie de validação social para o que escrevo, talvez alguma notoriedade. 
Porque um texto escrito, guardado e não lido, não tem o efeito, não cumpre o seu propósito de comunicar de um texto publicado, "público e notório". 
Eu poderia ainda citar inúmeras outras coisas, como "o ser humano não é uma ilha" e precisa interagir; ou, que sou geminiana, comunicativa por natureza; e pra ser bem humorada, posso dizer que escreverei por aqui já que não tem nenhum jornal ou revista que me pague pra eu escrever por lá, etc. (sonho de consumo aliás, ou melhor, sonho de trabalho... Já fui colunista de uma revista, mas escrevia apenas em tópicos dicas de consumo/moda e também não era remunerada por isso, ou seja, se mal podia exercitar a minha escrita, igualmente não podia "viver disso".)

Gosto mesmo de escrever, de concatenar ideias, de jogar com as palavras, de fazer um pouco de poesia.
A última vez que escrevi pra valer foi na dissertação do mestrado. Só não foi tão prazeroso porque texto científico é outra história... E por falar nisso, por mais que eu estivesse relatando uma história que me foi instigante pesquisar, sobre o bordado manual da cidade de Passira-PE, e que estivesse realizando o sonho de me tornar Mestra (em História Social da Cultura), as recomendações da escrita científica (e da ABNT) podem ser altamente desestimulante, tornando o ato de escrever uma obrigação massante.
Mas volto a falar disso em outra ocasião.

Aqui, agora, só quero escrever (e publicar).
Escrever livre e francamente, sem um assunto pré-definido. Inclusive porque o próprio assunto é o (re)começo da publicação do que escrevo pra mim, à quem possa interessar. 
E se me comprometo a não ter compromissos com nenhuma razão mais específica nos meus textos por aqui, pelo menos por ora, também não vou buscar a perfeição de uma lógica ou racionalidade nessa retomada, porque "feito é melhor que perfeito", e isso tem sido meu mantra dos últimos meses.

Então, está feito!
Só pra começar...