sábado, 14 de setembro de 2019

Um pensamento sendo mãe... Outro pensamento sendo filha...



Ser mãe de 2 (ou mais) é uma prova de coragem, ou de loucura, como dizem por aí. 

Prefiro, ao meu favor inclusive, acreditar na primeira opção.

É um ato corajoso colocar nesse mundo - de mau a pior - mais de uma vida. Talvez, também resida nesse ato um pouco de egoísmo: de nós, mães, querermos "mais um filho"; de querer dar "um irmão" ao "primogênito", como se a outra vida fosse existir somente em função disso.

Mas eis a questão: é OUTRA VIDA, e embora dependa muito de nós nos primeiros anos da sua trajetória, depois traça seu próprio caminho, com suas preferências, podendo preferir até mesmo não ser assim tão "amigo" do seu "irmão mais velho".

Então, além de termos outro bebê, pensando na irmandade que deva surgir entre nossos rebentos, temos um árduo trabalho pela frente: nutrir essa relação de irmãos desde cedo, continuamente, para que quando cresçam nosso primeiro propósito seja cumprido. 
É ou não é desafio que requer esforços?
Ou coragem por assim dizer...

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Outro dia recebi a visita da minha mãe. 
Ela veio do médico, e por sua vez, fez uma "visita de médico" aqui em casa.

Conversamos rapidamente; ela fez festa com os netos (principalmente a neta, que estava acordada e é A neta, se é que vocês me entendem); deu tempo ainda de tomar um cafézinho, e assim, seguir viagem para o seu interior.

Ao me despedir dela, na calçada de casa, como de costume lhe agradeci com um "obrigada por tudo", que às vezes, confesso, sai quase que mecanicamente, não por falta de gratidão, mas sim porque realmente ela sempre merece agradecimento.
Toda vez ela dá um força aqui em casa: lava banheiros, roupas, pratos; traz alguma planta, objeto de decoração, mimo pros netos e pra mim; traz comidas: bolos, alguma coisa orgânica, frutas, etc.

Só que dessa vez, a visita foi tão rápida, tão passageira que, ao nos despedirmos, enquanto eu subia a escada de volta pra casa (leia-se apartamento) me questionei por que tinha lhe agradecido se "dessa vez" ela não tinha feito ou trazido nada... 
Ledo engano! Ou melhor, grave esquecimento! Ela trouxe sim. Trouxe nada menos do que a sapateira que eu tanto queria e tínhamos conversado sobre nos últimos meses, para colocar na porta de entrada e todos que chegaram aqui em casa deixarem seus calçados (criança pequena em casa requer esse cuidado... ) Detalhe: foi feita sob encomenda aqui pra casa, com acabamento primoroso!

Tomei esse acontecimento pra mim como uma espécie de parábola, cuja lição é: independente de qualquer benefício tangível que sua mãe possa lhe trazer, agradeça. 
Só de vê-la, agradeça. Simplesmente por ela existir, agradeça. Afinal, nós só existimos porque ela existe; só temos vida porque nascemos da vida dela. 
Lembre-se: agradeça. Mas agradeça especialmente à ela.

(Ah, claro que eu aprendi a lição... Agradecerei sempre, sem questionar o que porventura tenha ganho. Repito: ganhei a vida!)


A entrada de casa... A sapateira.